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Este blog não tem grandes pretensões! É apenas o meu espaço para dizer o que penso, sem que ninguém me interrompa antes que eu conclua minhas idéias. ...risos... Seja bem-vindo!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bonificação para Professores Garantem a Melhoria no Ensino?

 

O ceticismo e a descrença no Sistema Educacional Brasileiro está fazendo com que muitos estados e municípios adotem uma política de bonificação para professores a fim de melhorar o desempenho destes em sala de aula. Cabe aqui ressaltar que aqueles que adotam tais medidas de incentivo, estão responsabilizando diretamente a categoria profissional pelo péssimo desempenho da Educação Pública no Brasil. Afinal, o professor já recebe seu salário – bom ou ruim – para educar os brasileirinhos. Alguém decidiu, no entanto, que alguns profissionais não se empenham como deveriam na função. Pensaram – se é que pensam – que se os bons profissionais recebessem uma bonificação pelo seu desempenho, incentivariam os outros – os maus – a fazerem o mesmo. Pronto! Todos interessados em aumentar seus parcos rendimentos fariam a educação pública dar um salto em qualidade e a  gestão pública se insentaria de sua responsabilidade. Simples assim! A desestruturação familiar, o sucateamento das escolas, a falta de material, as turmas lotadas, nada disso seria mais empecilho para uma educação de qualidade. O professor sozinho daria conta de elevar os índices educacionais aos patamares do primeiro mundo.

Eu acredito que por trás desta medida encontra-se motivos ainda mais sórdidos. Nenhum gestor público – salvo uns poucos espalhados pelos estados brasileiros - quer dar aumento efetivo à categoria. Com a política de bonificação, onde apenas alguns são beneficiados, o gasto é bem inferior e de quebra os políticos podem usar os salários destes poucos como base para suas campanhas políticas.

O  governo de São Paulo teve que repensar suas propostas educacionais ao ver sua política de bonificação, lançada em 2008, fracassar. O rendimento dos estudantes que já estavam em patamares alarmantes baixou ainda mais. Em 2010 foram gastos R$ 655 milhões com o pagamento do tal bônus. Agora, em 2011, caiu para R$ 340 milhões.  Será que os professores não gostavam do tal incentivo que chegava a três salários extras? Acho bem pouco provável!

Uma equipe de pesquisa conduzida pelo Centro Nacional de Incentivos de Desempenho, ligado ao Peabody College da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, passou a premiar por três anos professores de matemática da rede pública de Nashville, cujos alunos conseguissem melhorar suas notas. Observe que estamos falando de uma pesquisa e não de uma política já adotada baseada em sofismas, como ocorre aqui no Brasil. Bem, o resultado da pesquisa americana mostrou que os estudantes cujos professores recebiam a bonificação não tiveram qualquer melhora na comparação com o “grupo de controle”, cujos professores não recebiam o incentivo. A pesquisa não encontrou muitas diferenças na forma de lecionar ou em medidas de esforço entre os dois grupos de professores. O  coordenador do estudo, professor Matthew Springer, disse em entrevista ao jornal O Globo, que antes de montar uma política de bônus deve-se considerar que  “professores tendem a cooperar mais com um plano de pagamento de incentivos se o propósito for descobrir se a política funciona, do que com uma ideia forçada de cima para baixo, sem evidências para acalmar o ceticismo e a descrença”.

Apesar da divulgação desta pesquisa e da ineficácia do sistema em São Paulo, vemos o governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciando aos quatro quantos sua adesão a este projeto. Por que será? A resposta é óbvia: porque ele é político, não está  preocupado com a educação no Estado. Quer apenas encontrar uma maneira de retirar a responsabilidade do gestor público e repassá-la para os profissionais em sala de aula.

Alguém pode me responder o que vai acontecer com os “maus” profissionais, aqueles que não receberem a bonificação? Serão exonerados ou voltarão para a universidade? E as crianças que estiverem sob seus cuidados em sala de aula, serão condenadas a uma educação medíocre? Será que como responsável pela educação do meu filho, tendo garantido pela Constituição Federal o direito a um ensino público de qualidade, poderei exigir que ele estude apenas com professores devidamente “bonificados”?

Bem, talvez este sistema de meritocracia seja derrubado ainda antes de eu ter meus questionamentos respondidos. Mas nem assim eu me animo. Já me acostumei ao fato de que aqui no Brasil se combate projetos inconsistentes, com projetos ineficazes. Aqui um erro sempre é usado na tentativa de se consertar outro!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Auxílio Reclusão – Cuidado com as informações que você repassa!

Esta semana afixaram no quadro de avisos da minha escola um email falando sobre o “Auxílio Reclusão”, apelidado de “Bolsa Marginal”. A alusão feita ao “Bolsa Família”, é para dar-nos a falsa idéia de que é mais um benefício assistencialista do Governo do PT. O que mais me chamou a atenção na manutenção desta mentira foi o fato de ver professores contribuindo com a corrupção no país. Neste caso, a corrupção da verdade. O email não é novo. Surgiu na época da campanha presidencial. A novidade foi vê-lo exposto no mural da escola. O fato de tratar-se de um email político deveria ser o suficiente para que fosse investigado. A menos, é claro, que o caro professor faça parte desta “rede de corrupção político- partidária”.

Segue o email:

VAMOS DIVULGAR ISTO, É A PURA VERDADE, POR ISSO É QUE TEM  MAIS BANDIDO POR AÍ DO QUE GENTE BOA, VIVENDO AS NOSSAS CUSTAS !"!!!!!!!!

BJS

ATENÇAO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

> > EMBORA
> > EU PENSE QUE HAJA ALGUNS REQUISITOS A SEREM ATENDIDOS,
> > CONCORDO QUE É 
> > O MAIOR DOS ABSURDOS nesta altura da "História deste país":
> > Você sabe o que é o
> > AUXÍLIO RECLUSÃO?
> > Todo presidiário com filhos, OU ENTEADOS MENORES DE 21
> > ANOS tem direito a uma bolsa que, a partir de
> > 1º/1/2010 é de R$798,30 por filho
para sustentar a
> > família, já que o coitadinho não pode trabalhar para
> > sustentar os filhos por estar preso. Mais que um salário
> > mínimo que muita gente por aí rala pra conseguir e manter
> > uma família inteira.
> > Ou seja, (falando agora no popular para ser MELHOR entendido)
> > Bandido com 5 filhos, além de comandar o crime de dentro das
> > prisões, comer e beber nas costas de quem trabalha e/ou
> > paga impostos (NAS NOSSAS), ainda tem direito a receber
> > auxílio reclusão de R$3.991,50 da Previdência Social.

> > Qual é o pai de família com 5 filhos recebe um salário suado
> > igual ou mesmo um aposentado que trabalhou e contribuiu a
> > vida inteira e ainda tem que se submeter ao fator previdenciário
?
> > Mesmo que seja um auxílio temporário, prisão não é colônia
> > de férias,!)
> > Isto é um incentivo a criminalidade nesse pais de merda, formado
> > por corruptos e ladrões em todos os escalões.
> > Não acredita?
> > Confira no site da Previdência Social com SEUS PRÓPRIOS OLHOS!
> > Portaria nº 48, de 12/2/2009, do INSS
> > http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22
> > Pergunto-lhes:
> > 1.Vale a pena estudar e ter uma profissão?
> > 2.Trabalhar 30 dias para receber salário mínimo de R$510,00, fazer malabarismo com orçamento para manter a família?
> > 3. Viver endividado com prestações da TV, do celular ou do carro que você não pode ostentar para não ser assaltado?
> > 4.Viver recluso atrás das grades de sua casa?
> > 5.Por acaso os filhos do sujeito que foi morto pelo coitadinho que está preso, recebe uma bolsa de R$798,30 para seu sustento, RECEBE?

> > 6.Já viu algum defensor dos direitos humanos defendendo esta bolsa para os filhos das vítimas?
> > 7.Vc acredita nas promessas dos politicos corruptos, ladrões eleitos pela grande massa de ignorantes em nosso pais?
> > 8.Você acredita no discurso da polícia que está se esforçando para diminuir a
> > criminalidade?
> > MOSTRE A TODOS O QUE OCORRE NESTE PAÍS!!! (Desculpe, mais uma vez.)

Quando você recebe um email vindo de não sei onde e redigido por não sei quem e o repassa, sem sequer dar-se ao trabalho de investigar os fatos – e olha que você está sentado em frente à tela do computador, com o Google à disposição – você não está sendo ingênuo não, você está sendo acomodado.

A verdade  é que o este auxílio é um benefício “legalmente   devido” aos dependentes de trabalhadores que contribuem para a Previdência Social. O auxílio foi instituído há 50 anos, pelo extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM) e posteriormente pelo também extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), e depois incluído na Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960). Esse benefício para dependentes de presos de baixa renda foi mantido na Constituição Federal de 1988. Ele é pago enquanto o segurado estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto e não receba qualquer remuneração da empresa para a qual trabalha, nem auxílio doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. Dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou em regime aberto perdem o direito de receber o benefício. Ele é pago a seus dependentes legais, e não ao detento. O objetivo é garantir a sobrevivência do núcleo familiar, diante da ausência temporária do provedor. O valor do benefício é dividido entre todos os dependentes legais do segurado. Veja que não é proporcional à quantidade de dependentes. É como se fosse o cálculo de uma pensão. Não aumenta de acordo com a quantidade de filhos que o preso tenha. O que importa é o valor da contribuição que o segurado fez. O benefício é calculado de acordo com a média dos valores de salário de contribuição. Observe que estamos falando de alguém que já contribuiu para a previdência, pagou seus impostos e trabalhou para ter direito ao benefício, antes de ter praticado o crime pelo qual cumpre pena.  O princípio que norteia a criação do auxílio é o da proteção à família: se o segurado está preso, impedido de trabalhar, a família tem o direito de receber o benefício para o qual ele contribuiu, pois está dentre a relação de benefícios oferecidos pela Previdência no ato da sua inscrição no sistema. Portanto, o benefício é regido pelo direito que a família tem sobre as contribuições do segurado feitas ao Regime Geral da Previdência Social. De acordo com o Boletim Estatístico da Previdência Social (Beps), o INSS pagou 29.790 benefícios de auxílio-reclusão na folha de janeiro de 2011, em um total de R$ 18.707.376. O valor médio do benefício por família, no período, foi de R$ 627,98.

Portanto caro professor e amigos, antes de encaminhar um email, dos tantos que lhe chegam todos os dias, trazendo informações no mínimo duvidosas, pense em seu papel nesta sociedade. Se você repassar uma inverdade de alguém através de seu email, esta mentira passa a ser sua.

Interessante e assustador é que no próprio email fala sobre o site da previdência. Manda até o leitor, caso não acredite na informação, acessar o site e verificar por si mesmo. É a certeza de que a preguiça do brasileiro o fará repassar o email, sem que as informações sejam checadas, que justifica tal ousadia. Depois, como de praxe, o desavisado cidadão se fará de vítima, atribuindo a culpa por veicular tal mensagem em sua rede de amigos à sua “boa fé”. Está na hora do brasileiro assumir seu compromisso social efetivamente e lutar com consciência e determinação por uma sociedade mais politizada e democrática! Para isso ele não precisa de “boa fé”, precisa é de “boa vontade”.

 

Fonte: http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=922

http://www.webartigos.com/articles/54721/1/A-corrupcao-da-verdade-pela-desinformacao-o-auxilio-reclusao/pagina1.html#postedcomment#ixzz1KMUKicS8

domingo, 24 de abril de 2011

Inclusão ou Integração – O que realmente importa?


inclusão2

“Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem; lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize.”
Boaventura de Souza Santos
Peguei mais uma vez emprestada a frase do Drº Boaventura de Souza Santos.  Desta vez porque,  abrangente  e filosófica, é perfeitamente adaptável ao tema “Inclusão”.   A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém estabelece uma  inserção inflexível, completa e ordenada. A meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo de sua vida escolar. Já o processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, transitar no "sistema educacional", da classe regular ao ensino especial. Este processo baseia-se na individualização dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às necessidades de cada um dos alunos, com deficiência ou não. Na integração, apenas aqueles considerados capazes de se desenvolver em uma classe regular passam a frequentá-la. A principal crítica a esta forma de inserção de alunos, se dá ao fato de que muitos dos alunos que se encontram em serviços segregados raramente se deslocam para os menos segregados ou às classes regulares.
Antes de expor minha opinião sobre o assunto quero dizer que estou falando como professora da rede pública e mãe de uma menina surda. Estou analisando os dois lados da questão, e ainda mais profundamente, a realidade do cotidiano escolar. Sabemos que esta realidade passa muito longe daqueles que estipulam as regras e procedimentos, pois estes normalmente baseiam suas pesquisas em utopias. A grande maioria dos profissionais da educação, nunca conseguem ver sua realidade nos parâmetros utilizados. 
Para começar, o que seria uma Escola Inclusiva,  passa muito longe das escolas públicas da maioria dos municípios brasileiros, onde as classes regulares não têm sequer uma biblioteca, ou sala de vídeo, sofrem com o difícil acesso, a falta d’água, de materias didáticos e todo o tipo de problema em sua infra estrutura. Funcionam por único e exclusivo mérito de seus funcionários e o sarcedócio de seus professores. Não bastasse esta dura realidade, ainda somos obrigados a ouvir discursos que pregam que as dificuldades dos professores devem-se ao fato serem resistentes às inovações educacionais. Que inovações? O que vejo são atribuições, aumento de demanda sem que sejam criadas estruturas apropriadas que a acompanhem. Alegam que a resistência ocorre porque “os professores, na grande maioria, rejeitam toda e qualquer proposta que implique na ruptura do trabalho prático e funcional que já se acostumaram a aplicar em sua sala de aula”.
Pois bem, vou falar de mim, professora, alfabetizadora, que já perdeu as contas de quantos alunos alfabetizou entre adultos e crianças ao longo dos seus 20 anos de trabalho. Quis o destino, ou Deus – conforme queiram – que eu tivesse uma linda criança surda para cuidar. Os anos de estudo não me prepararam para alfabetizar esta menina. A condição física das pessoas
surdas não lhes permite o acesso à língua portuguesa de forma natural. Os alunos surdos precisam conseguir explicitar suas idéias, sentimentos, pensamentos na sua primeira língua - a Língua Brasileira de Sinais. Minha filha começou seu processo educacional em uma escola particular, regular, com 30 alunos ouvintes, sendo ela a única aluna surda. A professora era bilíngue e considerei que isso seria o suficiente para que ela aprendesse. Triste  engano! Ela não só não aprendeu nada, como se recusava a ir para a escola. Depois de muita luta, fiz o caminho inverso e exigi que ela estudasse em uma classe especial em uma escola pública. Quando descobriu que não era única no universo, que existia muitas outras crianças como ela e que existia uma professora totalmente dedicada às suas necessidades, seu desenvolvimento deu-se de forma impressionante. Não me arrependo em um momento sequer pela decisão tomada. Quando a vejo conversando com suas amigas na porta da escola,   percebo que minha filha encontrou seu lugar, sua turma. Minha filha não é mais uma criança deficiente em meio a uma multidão de pessoas sem deficiências, mas membro de  um grupo, com características próprias, que juntos se fazem perceber e respeitar.
O processo na escola dela é gradativo. Ela passará o 1º segmento do ensino fundamental em uma classe especial, com uma média de 15 alunos na sala. No 2º segmento, já adaptada à escola e preparada para avançar nos estudos, passará, então, para a  classe regular, levando consigo seus colegas de classe, fundindo-se ao grupo dos ouvintes. Se este grupo ficará separado dos outros ainda não posso afirmar. Embora, não é o que vejo nas festas e encontros na escola. Certa vez, na  feira de ciências da escola, minha filha apresentou uma peça teatral, onde os atores eram alunos surdos e ouvintes. Estes relatos deixam claro que a inclusão, com responsabilidade, é de suma importância para um país que luta pela igualdade. No entanto, quando negam a minha filha ou a qualquer outra criança o direito de escolher em que tipo de classe quer estudar e o grupo de amigos, com suas peculialidades e interesses, que gostariam de ingressar, alegando segregação, estão pretendendo descaracterizar seus interesses e necessidades. Neste caso, torna-se urgente lutar pelo direito e o respeito às suas diferenças!
O tipo de trabalho realizado na escola da minha filha, poderia ser visto por alguns como integração e não inclusão. Muitos especialistas alegam que instalar uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma justaposição de recursos. Afinal, neste caso, apenas se agrega uma forma de ensino à outra. Afirmam que o ideal é a fusão, onde elementos distintos são incorporados, criando-se assim uma nova estrutura.  O grande problema é a concepção de “Novo” no Brasil. Ao meu ver não se cria uma nova estrutura da noite para o dia. Não se pode obrigar que professores que não fizeram a opção por trabalhar com alunos deficientes, que não tem o menor preparo e formação para isso, tenham que se responsabilizar pela vida escolar deste aluno. A injustiça não é cometida contra o professor, mas contra o aluno, que terá toda a sua vida escolar prejudicada porque alguns decidiram que a inclusão deve ser feita imediatamente, e que a integração é segregacionista e ineficaz.
Há uns três anos decidiram incluir um aluno surdo em minha classe regular. Fui escolhida por ter uma filha surda, é claro. Menos mal! Bem, o problema é que estou acostumada com um surdo em casa, mas não em sala de aula. Volta e meia me esquecia e dava algumas informações, enquanto escrevia no quadro branco, ou seja, de costas para a turma. Isto prejudicava diretamente o meu aluno deficiente auditivo. Eu me sentia uma incompetente. Vivia me cobrando pelo meu desprepeparo. Até hoje me sinto em dívida com este aluno, que não tenho a menor idéia de onde se encontra. Espero que esteja com uma professora preparada, e não com uma incompetente como eu! O mais impressionante é que ao relatar este fato em uma reunião por ocasião de uma “Jornada Pedagógica”, realizada pela Secretaria de Educação do Município onde trabalho, fui informada que com o tempo aprenderia, que é assim mesmo.
Eu não estou preocupada comigo! Sei que com o tempo vou me adaptar. Mas sei que não será de uma hora para outra, até porque cada deficiência requer um tipo muito especial de trabalho e eu teria que estar familiarizada com todos eles para ser considerada apta. Estou preocupada com “as cobaias humanas” que contribuirão para o meu crescimento profissional às custas do comprometimento de sua vida escolar. Será que é tão difícil entender isso?
Agora estou trabalhando em uma classe com 35 crianças onde um deles tem Síndrome de Down. Ele já estuda em classe regular há 3 anos. Este menino mal se comunica. Não brinca com as outras crianças, não sabe sequer seu nome. Ele está no 4º ano e ainda usa garatujas para escrever, ou seja, encontra-se na fase pré-silábica da escrita. Não tenho a menor idéia de como ensiná-lo. Sei que ele é capaz de aprender, assim como sou capaz de ensiná-lo. Mas como fazer isso em uma sala de aula lotada, em uma escola  precária? Até o material dele quem comprou fui eu. Estou pegando em sua mão e tentando ajudá-lo. No começo ele não me deixava tocar nele. Agora já sorri e aceita minha intervenção. O problema é que com 34 outros alunos e um plano de curso a seguir, não me sobra o  tempo necessário para dar a atenção que esta criança precisa e merece. O mais incrível é que já fui avisada na escola, que pela lei da inclusão, este aluno não poderá ser retido, pois já foi retido no ano passado. Pela tal lei, ele só pode ser retido uma vez a cada dois anos. Ou seja, esta criança que mal sabe pegar em um lápis, que não escreve seu nome e que ainda usa  garatujas na escrita, irá para o 5º ano de escolaridade em alguns meses. Esta é a inclusão que se pretende no Brasil! 
Será que é mais fácil atribuir minha insegurança à minha resistência e acomodação? Por que não me sugerem que eu pare meu trabalho em sala de aula e volte aos bancos  universitários,  para um curso preparatório? Por que não diminuem o número de alunos nas classes para que o professor tenha mais tempo para um trabalho individualizado? A resposta é óbvia: “ Porque isto implicaria investimentos. Significaria mexer nos cofres públicos e nenhum processo inclusivo valeria este sacrifício”. Afinal, toda a procupação com a inclusão educacional acaba quando a Política Social bate de frente com a Política Econômica.
Quem decidiu entre a inclusão ao invés da integração, alegando que a primeira era mais justa e abrangente, sinalizando assim o fim das classes especiais, fez uma bela leitura do sistema americano de ensino. Esqueceu, no entanto, que estamos vivendo no Brasil.

sábado, 23 de abril de 2011

Sugestão para lidar com telemarketing

Recebi este email e adorei a idéia!

Ligação da Oi
Toca o telefone...
- Alô.
- Alô, poderia falar com o responsável pela linha?

- Pois não, pode ser comigo mesmo.
- Quem fala, por favor?


- Edson.
- Sr. Edson, aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção OI linha adicional, onde o Sr. tem direito...


- Desculpe interromper, mas quem está falando?
- Aqui é Rosicleide Judite, da OI, e estamos ligando...

- Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurança, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser?
- Bem, pode..

- De que telefone você fala? Meu bina não identificou.
- 10331.


- Você trabalha em que área, na OI?
- Telemarketing Pro Ativo..

- Você tem número de matrícula na OI?
- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
- Então terei que desligar, pois não posso ter segurança que falo com uma funcionária da OI. São normas de nossa casa.
- Mas posso garantir....

- Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legião de atendentes sempre que tento falar com a OI.
- Ok.... Minha matrícula é 34591212.

- Só um momento enquanto verifico.
(Dois minutos depois)
- Só mais um momento.
(Cinco minutos depois)
- Senhor?
- Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje.

- Mas senhor...
- Pronto, Rosicleide, obrigado por ter aguardado. Qual o assunto?

- Aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção, onde o Sr. tem direito a uma linha adicional. O senhor está interessado, Sr. Edson?
- Rosicleide, vou ter que transferir você para a minha esposa, porque é ela que decide sobre alteração e aquisição de planos de telefones.

- Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim.
(coloco o telefone em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê do Latino
tocando no Repeat (quem disse que um dia essa droga não iria servir para alguma coisa?), depois de tocar a porcaria toda da música, minha mulher atende:
- Obrigado por ter aguardado.... pode me dizer seu telefone pois meu bina não identificou..
- 10331.

- Com quem estou falando, por favor.
- Rosicleide


- Rosicleide de que?
- Rosicleide Judite (já demonstrando certa irritação na voz).


- Qual sua identificação na empresa?
- 34591212 (mais irritada agora!).


- Obrigada pelas suas informações, em que posso ajudá-la?
- Aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção, onde a Sra tem direito a uma
linha adicional. A senhora está interessada?
-
Vou abrir um chamado e em alguns dias entraremos em contato para dar um parecer,
pode anotar o protocolo por favor... alô, alô!

TUTUTUTUTU...
- Desligou... nossa que moça impaciente!

Não é uma delícia? Eu até tentaria usar o artifício, mas tenho certeza que a atendente desligaria o telefone muito antes do desfecho.

sábado, 9 de abril de 2011

O Massacre de Realengo–Quem são os culpados?

Tragédias ocorrem todo o tempo e em todos os lugares do mundo, mas só chocam realmente, causando grande comoção social, quando o número de vítimas é elevado. É uma matemática macabra! O grande problema é que todo esse debate sobre o assunto e os discursos envolvendo os motivos e consequências do ato bárbaro, desaparecerão assim que a imprensa considerar que já não lucra mais com a esplanação do fato. É realmente  uma matemática macabra! Já as vítimas reais desta tragédia estarão condenadas para o resto de suas vidas a tentar entender o porquê de terem sido as escolhidas para uma provação tão cruel e injusta!

Quantos anos foram precisos para transformar uma criança inocente, com problemas mentais, em um louco homicida frio e cruel? Sem dúvida que é mais fácil culpar a religião, ou a internet. Como se anos de descaso e abandono em nada implicasse na formação deste indivíduo, mas alguns meses na internet, ou lidas de algumas páginas de algum “livro sagrado”, fossem o suficiente para uma transformação tão significativa que culminasse neste desfecho tão trágico.

Este jovem esquizofrênico foi antes disso tudo uma criança estranha e que por tal razão sofreu discriminação em toda sua trajetória. Se ganhou alguma coisa dos outros foi a indiferença e os apelidos nada carinhosos, tais como, “orelhinha”, “veadinho”, “Suingue” (por ser manco) e outros. Se a indiferença e o bullyng causam estragos e traumas por toda a vida em crianças sem deficiência alguma, imagine então submeter um esquizofrênico a este tipo de tratamento durante anos?   Não existe um fator determinante para atos bárbaros como este em Realengo, mas sim um conjunto de fatores que associados destrói toda e qualquer capacidade racional. Nem todo esquizofrênico é um assassino em potencial; nem toda criança que sofre bullyng ou é tratada com indiferença, será revoltada, ou introspectiva; nem todo jovem viciado em internet visita sites permissivos; e  por fim, nem todo  religioso é fanático.  Alienados, fanáticos e  assassinos existem em toda sociedade e exatamente por ela foram criados. Todos são culpados até que se provem o contrário!

Fico me perguntando por quantos profissionais este menino foi ignorado no decorrer de sua vida? Mèdicos, professores, psiquiatras, psicólogos e outros que tiveram contato com ele, o quanto será que se empenharam,  efetivamente, em entender a razão de tanta introspecção e  a dimensão de seu sofrimento?  Digo isso, porque todos são unânimes em apontá-lo como um cara esquisito.  Remédios já sabemos que ele tomou, pelo menos enquanto sua mãe era viva, mas abandonou depois da morte dela. Mas tirando as drogas receitadas pelo seu médico, qual o tipo de acompanhamento que ele teve?

Desejo que cada profissional negligente que atendeu a este maníaco, cada parente que o ignorou no decorrer de sua vida, cada professor míope que não o enxergou no fundo da sala e cada colega que o fez sentir-se um “monstrinho” em um mundo de pessoas perfeitas, revejam sua postura! Entendam que definitivamente somos responsáveis pelos outros. De nada adianta eu criar um mundo perfeito para meus filhos, zelando por seu bem estar e sua educação, se eu ignorar as pessoas ao meu redor, achando que elas não são minha responsabilidade. Afinal, no mundo dos meus filhos também se encontram estes seres que vivem à margem da sociedade. Em algum momento neste fututo incerto, um destes seres “repugnantes” e estranhos poderá cruzar com um filho meu e então ser tarde demais para fazer alguma coisa.

Nossa sorte foi  este assassino ter atirado contra sua própria cabeça. Imagine o risco que estaríamos correndo caso ele continuasse vivo? Seria julgado, iria para um manicômio judicial e depois de alguns anos de um tratamento medíocre, receberia alta, sendo considerado apto a viver em sociedade, até cometer outro ato insano contra vítimas indefesas. No fim, todos os envolvidos, direta e indiretamente, dormem com alguma indignação mas nenhum remorso “o sono dos justos”, menos os pais, parentes e amigos das pobres vítimas desta sucessão de erros!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Trabalhando com Músicas

 

Usar CDs ou instrumentos ou ainda apenas a voz: cantar com os alunos, ler e interpretar as letras com eles, incentivá-los a ilustrar essas letras, associar as músicas aos conceitos tratados nas aulas.

Músicas que são verdadeiras aulas:

Tema: migrações internas

Música: A Triste Partida

Autor: Patativa do Assaré

Tema: colonização sul-americana

Música: Fruto do Suor

Autor: (...) interpretação – Raíces de América

Tema: recursos naturais; ciclo da água

Música: Planeta Água

Autor: Guilherme Arantes

Tema: astronomia, ecologia

Música: Xixi nas Estrelas

Autor: Guilherme Arantes

Tema: astronomia, o Sistema Solar, movimentos dos astros

Música: Canto do Povo de um Lugar

Autor: Caetano Veloso

Tema: o planeta Terra

Música: Terra

Autor: Caetano Veloso

Tema: extrativismo animal – a pesca

Música: Minha Jangada

Autor: Dorival Caymi

Tema: agricultura, solo, recursos naturais

Música: Cio da Terra

Autor: Milton Nascimento

Tema: os animais, ecologia

Música: As Baleias

Autor: Roberto Carlos

Tema: pluralidade cultural, o meio urbano e o meio rural

Música: Rancho Fundo

Autor: (...) interpretação – Chitãozinho e Xororó, entre outras tantas...

Fonte: www.novaescola.com.br

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