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Este blog não tem grandes pretensões! É apenas o meu espaço para dizer o que penso, sem que ninguém me interrompa antes que eu conclua minhas idéias. ...risos... Seja bem-vindo!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Conto de Natal - Rubem Braga



Conto de Natal


                                                                                                      Rubem Braga


Sem dizer uma palavra, o homem deixou a estrada andou alguns metros no pasto e se deteve um instante diante da cerca de arame farpado. A mulher seguiu-o sem compreender, puxando pela mão o menino de seis anos.
— Que é?
O homem apontou uma árvore do outro lado da cerca. Curvou-se, afastou dois fios de arame e passou. O menino preferiu passar deitado, mas uma ponta de arame o segurou pela camisa. O pai agachou-se zangado:
— Porcaria...
Tirou o espinho de arame da camisinha de algodão e o moleque escorregou para o outro lado. Agora era preciso passar a mulher. O homem olhou-a um momento do outro lado da cerca e procurou depois com os olhos um lugar em que houvesse um arame arrebentado ou dois fios mais afastados.
— Péra aí...
Andou para um lado e outro e afinal chamou a mulher. Ela foi devagar, o suor correndo pela cara mulata, os passos lerdos sob a enorme barriga de 8 ou 9 meses.
— Vamos ver aqui...
Com esforço ele afrouxou o arame do meio e puxou-o para cima.
Com o dedo grande do pé fez descer bastante o de baixo.
Ela curvou-se e fez um esforço para erguer a perna direita e passá-la para o outro lado da cerca. Mas caiu sentada num torrão de cupim!
— Mulher!
Passando os braços para o outro lado da cerca o homem ajudou-a a levantar-se. Depois passou a mão pela testa e pelo cabelo empapado de suor.
— Péra aí...
Arranjou afinal um lugar melhor, e a mulher passou de quatro, com dificuldade. Caminharam até a árvore, a única que havia no pasto, e sentaram-se no chão, à sombra, calados.
O sol ardia sobre o pasto maltratado e secava os lameirões da estrada torta. O calor abafava, e não havia nem um sopro de brisa para mexer uma folha.
De tardinha seguiram caminho, e ele calculou que deviam faltar umas duas léguas e meia para a fazenda da Boa Vista quando ela disse que não agüentava mais andar. E pensou em voltar até o sítio de «seu» Anacleto.
— Não...
Ficaram parados os três, sem saber o que fazer, quando começaram a cair uns pingos grossos de chuva. O menino choramingava.
— Eh, mulher...
Ela não podia andar e passava a mão pela barriga enorme. Ouviram então o guincho de um carro de bois.
— Oh, graças a Deus...
Às 7 horas da noite, chegaram com os trapos encharcados de chuva a uma fazendinha. O temporal pegou-os na estrada e entre os trovões e relâmpagos a mulher dava gritos de dor.
— Vai ser hoje, Faustino, Deus me acuda, vai ser hoje.
O carreiro morava numa casinha de sapé, do outro lado da várzea. A casa do fazendeiro estava fechada, pois o capitão tinha ido para a cidade há dois dias.
— Eu acho que o jeito...
O carreiro apontou a estrebaria. A pequena família se arranjou lá de qualquer jeito junto de uma vaca e um burro.
No dia seguinte de manhã o carreiro voltou. Disse que tinha ido pedir uma ajuda de noite na casa de “siá” Tomásia, mas “siá” Tomásia tinha ido à festa na Fazenda de Santo Antônio. E ele não tinha nem querosene para uma lamparina, mesmo se tivesse não sabia ajudar nada. Trazia quatro broas velhas e uma lata com café.
Faustino agradeceu a boa-vontade. O menino tinha nascido. O carreiro deu uma espiada, mas não se via nem a cara do bichinho que estava embrulhado nuns trapos sobre um monte de capim cortado, ao lado da mãe adormecida.
— Eu de lá ouvi os gritos. Ô Natal desgraçado!
— Natal?
Com a pergunta de Faustino a mulher acordou.
— Olhe, mulher, hoje é dia de Natal. Eu nem me lembrava..
Ela fez um sinal com a cabeça: sabia. Faustino de repente riu. Há muitos dias não ria, desde que tivera a questão com o Coronel Desidério que acabara mandando embora ele e mais dois colonos. Riu muito, mostrando os dentes pretos de fumo:
— Eh, mulher, então “vâmo” botar o nome de Jesus Cristo!
A mulher não achou graça. Fez uma careta e penosamente voltou a cabeça para um lado, cerrando os olhos. O menino de seis anos tentava comer a broa dura e estava mexendo no embrulho de trapos:
— Eh, pai, vem vê...
— Uai! Péra aí...
O menino Jesus Cristo estava morto.

 
É claro que um lindo "conto de natal" combinaria muito melhor com o espírito natalino que transborda pela tela de nossos televisores, pelas nossas sacolas de compras, por cada metro quadrado iluminado e enfeitado do shopping center. Mas hoje, em minha sala de aula, depois de um final de semana comprando presentes para meus familiares, cansada de gastar dinheiro, muitas vezes com pessoas que já devem ter aquilo, ou que não dará o menor valor para aquele bendito presente, que tanto trabalho me deu para encontrar, imaginei como seria o natal daquelas crianças. Não sei se pensaria isso, caso não tivesse acontecido o meu diálogo com um pequenino menino, que só não nasceu em uma manjedoura, porque em pleno século XX, no estado do Rio de Janeiro isso não é lá muito comum. O fato é que meu aluno Ryan de 7 anos me pediu para tirar o tênis, assim que entrou na sala de aula. Ao ser questionado sobre o porquê, tirou o surrado tênis dos pés e me mostrou uma bolha terrível em seus pezinhos. Aquele tênis surrado é o seu único calçado, tirando um chinelo Havaianas, igualmente surrado. Meu Deus! Ele sim, adoraria qualquer porcaria que eu comprasse. Ficaria feliz até com um tênis, igualmente surrado, contando que tivesse uns centímetros a mais. Sabe o que é pior? Eu até apadrinhei uma menininha da pastoral, perto da escola. Menininha essa que nem sei quem é, ou se realmente precisa. Apadrinhei também um menino de um abrigo municipal que também nunca vi, mas se está num abrigo, deve precisar, não é? Só não entendi por que fui tão longe, atendendo a pedidos de pessoas que nunca vi, nunca toquei e não imagino qual seja sua realidade, mas não ajudei aqueles que estavam ali, durante todo o ano ao meu lado, me tocando, me beijando? Quase me idolatrando. Tenho dívidas com Ryan! Tenho também dívida com o Gabriel , que descobri encontrar-se na mesma situação que o Ryan, só que ainda não tem calos nos pés. Ainda bem que tenho tempo para reparar a injustiça cometida. Bendito seja o menino Jesus Cristo por me dar a oportunidade de reparar meu erro!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Projeto "Tempo Vago"






Projeto “Tempo Vago”




Alunos Atendidos: 1º e 2º seguimento do Ensino Fundamental


Duração: Anual

Justificativa: Observamos que nos períodos em que os alunos aguardam a entrada, estão no recreio, ou esperam no tempo vago, ficam muito agitados, perambulando pelas dependências da escola, correndo e brigando entre si, o que acaba resultando em pequenos acidentes. Eles entram para a sala de aula extremamente agitados, o que dificulta muito o trabalho do professor. Percebemos também que muitos responsáveis ficam ociosos na entrada da escola enquanto aguardam o início do turno.

A proposta que aqui apresentamos, visa um aproveitamento mais significativo desse tempo livre, através de tendas montadas no pátio da escola com a exposição permanente de trabalhos.

Alunos e comunidade poderiam ser conscientizados sobre os diversos temas trabalhados em sala de aula de forma contínua e gradativa, em uma abordagem simples e natural.

Entendemos que esse projeto vai além da simples ocupação do tempo ocioso, pois estimularia professores e alunos na elaboração e confecção dos seus trabalhos em sala de aula, uma vez que esses trabalhos seriam expostos para toda a comunidade escolar, promovendo uma verdadeira troca de conhecimentos e habilidades...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Projeto Mini-Horta

Projeto Mini-Horta




Alunos Atendidos: 2º Ano do Ensino Fundamental

Duração: 4 meses


Justificativa:

Observamos a necessidade de conscientizar nossos alunos, na prática, sobre a importância da relação entre o homem e o ambiente. Sabendo que precisamos dos alimentos para sobreviver e que estes alimentos são produzidos pela terra, a montagem de uma horta seria uma excelente oportunidade, para que percebessem essa relação, bem como a importância de preservarmos o nosso planeta. O trabalho se torna ainda mais rico quando eles aprendem a plantar e a colher os vegetais. A proposta que aqui apresentamos visa a montagem de uma mini-horta, com vasos feitos de garrafas PET. O fato de a horta estar vistosa não é o mais importante num trabalho desse tipo. O que realmente interessa é que o aluno crie responsabilidade em torno de tudo o que diz respeito à natureza e também ao lugar em que vive, como a escola, ou a sua casa.

Objetivos:
• Levar o aluno a perceber a relação entre o homem e o ambiente.

• Despertar o interesse da criança para o cultivo de alimentos.

• Oportunizar o conhecimento do processo básico de germinação das plantas.

• Conscientizar o aluno da importância de consumir alimentos saudáveis e nutritivos;


Desenvolvimento:

Em nossa mini-horta priorizaremos o cultivo de temperos, como salsinha e cebolinha, manjericão, coentro, hortelã e também algumas ervas medicinais, todas as plantas com pouca raiz. Embora seja uma horta compacta, seus produtos podem ser consumidos. Aproveitando-os no enriquecimento da merenda escolar.

1º Preparar os vasinhos com as garrafas trazidas pelas crianças. Com o estilete, fazer uma abertura de 13 por 20 centímetros e depois furar as garrafas na parte de baixo para que a água escorra.

2º Preparar a terra que também deverá ser trazida pelo aluno em saquinhos plásticos. A mistura será a seguinte: três partes de terra com duas de esterco de gado bem curtido, que não tem cheiro. Em nossa escola esse esterco será fácil de ser obtido pois existe este tipo de animal na comunidade.

3º Depois de todo o material ter sido devidamente recolhido e preparado, partiremos para o plantio das sementes e sua primeira rega. Organizaremos as garrafas em um local apropriado na sala de aula, onde nossa mini-horta possa receber a luz solar. Importante ressaltar para as crianças o porquê da necessidade da luz solar e da água para o crescimento da planta. Neste dia também disponibilizaremos tampas de caixas de ovos ou pratinhos de isopor para que as garrafas sejam apoiadas, a fim de se evitar acúmulo de água e consequentemente a proliferação dos mosquitos que transmitem a Dengue.

Durante os meses seguintes os alunos terão que regar suas hortaliças diariamente, observando as etapas de desenvolvimento e a germinação de suas sementes. Músicas, vídeos, receitas, textos e diversas outras atividades complementarão o projeto. Através do cultivo da horta os alunos vão compreender e valorizar a natureza por meio de situações concretas, envolvendo temas relacionados a educação ambiental.

Outras Sugestões:


1º - Música: Planeta Terra;

2º - Seqüência de história do ciclo da água;

3º - Artes: confecção de flores de dobraduras e papel crepom;

Pintura de quadros sobre a germinação;

4º - Identificação das partes das plantas e suas respectivas funções através do datashow;

5º - Dinâmica da água: com garrafas pets, mostrando a importância de economizar e preservar o que temos, onde a turma percebe que o total de água existente no mundo é mínimo;

6º - Comparação dos seres vivos através do ciclo da vida (nasce,cresce,reproduz e morre);

7º - Trabalho com rimas através do poema: Assim eu Vou Crescendo.

Culminância:

Será montada uma exposição com todos os trabalhos desenvolvidos no decorrer do projeto. Este dia que será chamado de “Dia da Colheita”, e terá como convidados especiais os pais dos alunos que assistirão a uma palestra e verão a apresentação dos trabalhos de seus filhos. A seguir, faremos a colheita e entregaremos os temperos na cozinha, para que possam enriquecer o cardápio escolar deste dia. Depois, com a participação dos pais, plantaremos novas sementes que serão distribuídas aos convidados para que o trabalho seja continuado na casa do aluno.



Avaliação:

Serão realizadas avaliações sistêmicas durante toda a execução do projeto, afim de que o educando seja observado como um todo, verificando suas habilidades e competências, sua aquisição de saberes no que tange a importância da natureza, as formas de preservá-la e as etapas do “processo” de germinação.

Alguns modelos:





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Reescrita de Texto - Atividade Feita em Duplas


Atividade: Reescrita de Texto




Introdução:



Foi proposto aos alunos de uma turma de 2º ano, da E. M. Pres. Castelo Branco, uma atividade onde após memorizar um determinado texto deveriam reescrevê-lo. Para a realização desta atividade foram formados agrupamentos produtivos, levando-se em consideração o que os alunos já sabiam e sua relação com o conteúdo da tarefa que iriam realizar. Compreendendo a heterogeneidade comum a todas as classes de alfabetização, foram observadas as hipóteses em que cada aluno se encontrava, além de seu perfil social, para que houvesse um perfeito entrosamento entre os integrantes do grupo. Sendo assim, alunos que com escrita silábica que já conhecem o valor sonoro convencional das letras, foram agrupados com alunos que desconhecem o valor sonoro convencional das letras. No entanto, alguns alunos com escrita não-alfabética, que conhece o valor sonoro das letras, também formaram duplas com alunos de escrita alfabética. A interação entre o conhecimento de um e a necessidade de aperfeiçoamento do outro e vice-versa, garantiram um aproveitamento significativo dos conteúdos trabalhados.



Desenvolvimento da Atividade:



Foi apresentada aos alunos a seguinte ciranda:

O Cravo e a Rosa

O cravo brigou com a rosa

Debaixo de uma sacada

O cravo saiu ferido

E a rosa despedaçada

O cravo ficou doente

A rosa foi visitar

O cravo teve um desmaio

E a rosa pôs-se a chorar



Por se tratar de um texto conhecido e de fácil memorização, o tempo para a execução da atividade foi relativamente curto. Todo o processo desde a apresentação da ciranda até a atividade de reescrita levou apenas três dias.

Primeiro dia: Foi apresentada a ciranda acima. Após a leitura e releitura, cantamos a ciranda algumas vezes e em variados ritmos. O passo seguinte foi conversarmos sobre o texto. Interessante foram as supostas razões para a briga entre o cravo e a rosa. Razões estas que variaram de ciúmes, passando por problemas financeiros, e chegando a um suposto arroz que Rosa deixou queimar quando assistia distraidamente à novela das oito de uma determinada emissora de televisão, campeã de audiência. Para finalizar a atividade neste dia, eles desenharam os personagens da música. A aluna Caroline de sete anos desenhou em seu caderno um homem e uma mulher, representando o Cravo e a Rosa. Ao ser questionada sobre seu feito, respondeu com um sorriso matreiro:

- Nunca vi flor brigar! Pensei que fosse o nome deles, ué! - Tudo bem! Respondi, totalmente convencida pela pequena.

Segundo dia: As duplas foram devidamente formadas. Trabalhamos com o texto faltando palavras para que completassem. A seguir foi feito uma releitura, e as duplas deveriam seguir o texto com a ponta do lápis, sublinhando a palavra onde eu havia interrompido esta leitura. Para encerrar as atividades neste dia, foi distribuído o texto em tirinhas para que o colocassem em ordem. Pouquíssimas intervenções foram feitas. O que na verdade foi uma grata surpresa. Não houve imprevistos, as duplas se encaixaram de forma extremamente proveitosa. Os alunos já alfabetizados foram devidamente orientados a só intervir dizendo as letras que porventura seu companheiro não conhecesse, mas nunca lendo diretamente a frase para seu colega. Assim o fizeram, fazendo intervenções dignas de verdadeiros mestres.

Terceiro dia: Depois de reorganizadas as duplas e com a convicção de que a ciranda estava devidamente memorizada, passamos para a finalização da atividade com a reescrita do texto. Os alunos com escrita silábica que já conhecem o valor sonoro convencional das letras escreviam o texto ditado pelo seu companheiro que ainda não conhece o valor sonoro das letras; Alunos já alfabetizados, mas que necessitam ampliar seus conhecimentos ortográficos escrevia o texto ditado por alunos que já conhecem o valor sonoro das letras, ainda que não o usem de forma convencional. A grande dificuldade encontrada aqui foi convencê-los a não consultar o texto. Já que alguns insistiam em abrir o caderno embaixo da mesa para certificar-se de estar escrevendo corretamente. Fiz a opção de observar mais e intervir o mínimo possível. Achei importante deixar que escrevessem livremente, pois mais importante que uma reescrita certinha, era observar o esforço empreendido e o verdadeiro intercâmbio de conhecimentos que a atividade em duplas estava proporcionando.

Conclusão:


A troca de informações que proporciona o trabalho em duplas é extremamente importante para o enriquecimento individual do aluno. A grande dificuldade é, sem dúvida, encontrar perfis que se completem, para que a dinâmica da atividade não seja prejudicada com sucessivas intervenções por incompatibilidade entre os alunos. Todo o sucesso da atividade está intimamente relacionado ao perfeito entrosamento entre os pares, de forma que realmente contribuam para uma aprendizagem estimulante, gratificante e significativa.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Natal - Vinícius de Moraes





Natal


De repente o sol raiou

E o galo cocoricou:
— Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido

Soltou um longo mugido:

— Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido

Ligeiro diz o cordeiro:

— Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro

Se ouve a risada do burro:

— Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira

Pôs-se a falar: — É mentira!

Os bichos de pena, em bando

Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava:

— Cruz credo! Cruz credo!

Brava

A arara a gritar começa:

— Mentira! Arara. Ora essa!

— Cristo nasceu! canta o galo.

— Aonde? pergunta o boi.

— Num estábulo! — o cavalo

Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:

— Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram

O papagaio caturra

E de raiva lhe aplicaram

Uma grandíssima surra!


Ainda dá tempo de uma poesia infantil de Vinícius de Morais! Podemos aproveitar esses últimos e derradeiros dias em que achamos que nada mais temos a fazer em sala de aula, para apresentar uma poesia por dia aos nossos alunos. Podemos preparar uma encenação com dedoches, máscaras, ou simplesmente ler com eles. Depois da leitura, uma reescrita e para finalizar, uma dobradura. Quem sabe aquele "ainda não..." ,que vive sendo usado em nossos relatórios, não transforma-se em "o aluno atingiu todos os objetivos previstos para o período"?

Dobradura do Papagaio:

domingo, 6 de dezembro de 2009

Delegacia Especializada em Maus Tratos a Animais

DEMA - Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente



Rua S. Luiz, 265 - São Cristóvão

Delegado: Rafael Carvalho de Menezes

Tels.: (21) 3399-3290/3298/ (21)2589-3133

Fax.: (21) 3860-9030/3293

e.mail: rafaelcarvalho@pcerj.rj.gov



Divulguem, repassem para sua lista!

Aquelas pessoas que gostam de envenenar cães e gatos e dar chicotada em cavalos, terão que prestar contas com a justiça!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Casimiro de Abreu - Meus Oito Anos


Visitando a bucólica Barra de São João, Distrito de Casimiro de Abreu, no Estado do Rio de Janeiro, é fácil entender o porquê de o filho mais ilustre da cidade relutar tanto em estudar comércio em Lisboa. “Que auroras, que sol, que vida”!


Casimiro José Marques de Abreu nasceu e morreu em Barra de São João. Filho de um comerciante português e uma brasileira, cursou o primário em Nova Friburgo. Transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, de onde aos 15 anos foi enviado para Lisboa para estudar comércio, como era a vontade de seu pai. Em Portugal, entrou em contato com vários intelectuais e viu florescer sua poesia. O saudosismo nacionalista presente em sua obra, o faz ser lembrado não apenas por ser um dos maiores poetas do Romantismo, mas também pelo amor à cidade onde nasceu. O jovem acabou adoecendo, vítima do mal-do-século e voltou para o Brasil. Aqui escreveu para diversos jornais, o que facilitou para que conhecesse Machado de Assis, que o incentivou em sua produção literária. Viu ser encenada sua peça Camões e o Jau em 1856 e publicou apenas um livro, em 1859: As Primaveras. Na introdução do livro, revela como a distância da casa materna o inspirou a escrever seu primeiro poema, quando tinha cerca de doze anos e estudava em Nova Friburgo: “Era a hora da merenda em nossa casa e pareceu-me ouvir o eco das risadas infantis da minha mana pequena! As lágrimas correram e fiz os primeiros versos da minha vida, que intitulei As Ave-Maria: a saudade havia sido minha primeira musa. Em 18 de outubro de 1860, com apenas 21 anos, o jovem poeta de versos saudosistas, melancólicos e pessimistas, faleceu, vitimado pela tuberculose.

                        

Caminhando pelas ruas de Barra de São João e contemplando o entardecer às margens do rio que passa nos fundos da casa onde viveu o poeta, voltei aos meus oito anos: Que saudades da minha infância querida!
















Meus oito anos




Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;

O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! Dias da minha infância!
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -

Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! .
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